Introdução
A Internet é, inegavelmente, a mídia ou meio de comunicação de maior alcance e difusão. Os usuários e o número de conexões simultâneas aumentam em escala exponencial; e, como não poderia deixar de ser, em proporção direta ocorre o aumento de dispositivos conectados e a exigência por largura de banda, com consequente congestionamento no tráfego de dados, devido à sobrecarga dos recursos das operadoras de serviços de telecomunicações.
Diante deste cenário, a concepção de Rede Definida por Software, apresenta às empresas do seguimento, uma proposta de solução alternativa para assegurar a manutenção da qualidade na entrega de serviços aos seus clientes. A tecnologia SDN possibilita interferir diretamente no comportamento da rede a partir da programação de parâmetros e métricas pré definidos.
Redes Definidas por Software
Fonte: Neuwald Tecnologia da Informação
Neste artigo iremos explorar um pouco a solução das Redes Definidas por Software e abordar a articulação das operadoras de telecom e prestadores de serviço em franco movimento de adequação para a transição. Outro aspecto relevante também a ser tratado é a tecnologia de virtualização e os “pontos de contato” com a abordagem SDN.
A Adoção da Tecnologia: Aspectos da Transição
As plataformas de orquestração de rede implementadas a partir da concepção SDN vem ganhado espaço no universo corporativo das operadoras de telecomunicações. Trabalhando no sentido de converter sua arquitetura de redes fechada, em um conceito de infraestrutura mais aberta, as operadoras pretendem contemplar e prover novos serviços; além de consolidar e integralizar o portfólio de serviços já existente.
Todavia, como em qualquer contexto de transição entre tecnologias, é importante considerar os aspectos técnicos envolvidos. As características de uma rede definida por software pressupõem elevado nível de complexidade à sua implementação; embora as entregas, na interface de saída, sejam em sua maioria amigáveis e tenham boa usabilidade, a camada de abstração que existe por trás exige profundo conhecimento das tecnologias envolvidas.
Implementação com Alto Nível de Complexidade
Fonte: Algoblu Co.
O mundo corporativo também é complexo e o mercado agressivamente competitivo; as empresas, em quaisquer dos segmentos de telecom, precisam assumir uma postura flexível e inovadora para atender às exigências dos consumidores e fazer frente às estratégias comerciais dos concorrentes. Portanto, além de adotar a tecnologia e explorar suas potencialidades para a entrega de novos produtos e serviços ao cliente, os “players” precisam ainda considerar as “chamada de marketing” e a veiculação de peças publicitárias sobre o novo contexto.
A Tecnologia de Virtualização
A utilização de plataformas virtualizadas em servidores de rede é uma solução que já vem sendo empregada há algum tempo; em uma mesma máquina física vários serviços de rede são disponibilizados, podendo estar, cada um deles em uma máquina virtual distinta; e esta virtualização se estende às interfaces de rede, ao “backbone” da rede e às ramificações, alcançando ao usuário final.
Trabalhando com máquinas virtuais é possível obter uma plataforma de altíssima disponibilidade e performance. Se um servidor do “cluster” de máquinas físicas falhar, todas as suas máquinas virtuais podem ser manobradas, rapidamente, e “startadas” em outro servidor; com uma interrupção pouco significativa do ambiente em produção. Características como esta denotam as vantagens da tecnologia de virtualização para abordagens que consideram aspectos de resiliência; bem como para a elaboração e implementação de Planos de Contingência.
Aspectos de Resiliência e Planos de Contingência
Fonte: Ascenty
A tecnologia tem sido difundida a partir da terminologia NFV (Network Functions Virtualization) referência à virtualização de funções da rede; e delineada sob os padrões do Instituto Europeu de Normas de Telecomunicações (ETSI). Projetos como o OPNFV (Open Plataform NFV) da Linux Foundation e o HPE OpenNFV (Hewlett Packard Enterprise OpenNFV) tem balizado o desenvolvimento da plataforma em arquitetura de código aberto; o que minimiza os custos de implementação e operação.
SDN Aplicada à Virtualização
Para a implementação de uma solução eficiente e robusta, a abordagem SDN traz em sua esteira a tecnologia de virtualização. Na verdade, o mais correto seria dizer que são tecnologias complementares, aplicadas conjuntamente em uma proposta de otimização; o que acrescenta capacidades de gerenciamento e orquestração, além de flexibilidade e escalabilidade à solução.
Para explorar as potencialidades oferecidas pela tecnologia SDN é de fundamental importância aplicar virtualização às funcionalidades da rede. A flexibilidade oferecida pela virtualização possibilita, de forma muito ágil e instantânea, compartilhar uma mesma infraestrutura física com dois ou mais serviços de rede; a SDN acrescenta ao cenário a inferência lógica autônoma necessária à autoconfiguração, conforme demanda, para otimizar a entrega do recurso ou serviço.
SDN Aplicada à Virtualização
Fonte: Intel Corporation
A abordagem SDN aplicada à solução NFV possibilita converter uma arquitetura de redes implementada a partir de concepções ultrapassadas, em uma rede mais ágil e ativa; e com funcionalidades de gerenciamento e controle centralizadas. Em um cenário como este verifica-se uma eficiente operacionalização da solução NFV, além de efetiva orientação de sua programabilidade.
Conclusão
Como podemos inferir, no que se refere à adoção e utilização da tecnologia, as empresas precisam se preocupar com a capacitação de seu pessoal técnico para trabalhar, confortavelmente, com a concepção SDN; ou ainda contratar pessoal externo que detenha os conhecimentos e habilidades exigídos, tendo em vista assegurar a relevância de seu Portfólio de Serviços e a manutenção da competitividade. Além disso, os provedores e operadores de serviço devem se ocupar da divulgação e difusão da tecnologia, bem como da contínua captação de novos clientes.
Sobre o “casamento” das tecnologias SDN e NFV, em linhas gerais, o que constatamos é a relação de dependência implícita da primeira em relação à segunda; considerando é claro, a obtenção de uma solução ótima, capaz de extrair plenamente todo o potencial oferecido pela concepção SDN. Em contrapartida, as funções de rede virtualizadas adquirem automatismo em uma arquitetura definida por software; o que agrega à solução o advento da autoconfiguração “inteligente”.
Automatismo e Autoconfiguração “Inteligente”
Fonte: Gerencianet Ltda
A partir da concepção SDN + NFV, muitas arquiteturas de rede legadas estão sendo revitalizadas e reinseridas no contexto de estruturas maiores; por que não são inteiramente dispresíveis ou por que sua conservação implica em economia de recurso capital, poupando ou adiando investimentos para ocasião mais oportuna. Subterfúgio este a ser considerado, sobretudo em momentos de crise e instabilidade econômica.