Introdução
O congestionamento e a aglomeração do cabeamento de infraestrutura de redes nas médias e grandes cidades, evidencia-se cada vez mais, como uma realidade crítica e alarmante aos prestadores de serviço de telecom e distribuição elétrica. Constitui cenário preocupante também aos governos municipais e às entidades governamentais da União diretamente responsáveis pela regulamentação e fiscalização destes serviços; como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A malha de redes subterrâneas é pouco significativa e é raro encontrar, em suas ramificações, espaço disponível para a instalação de cabeamento adicional. Os espaços compartilhados nas redes aéreas, com disposição de rotas pela estrutura de posteamentos, não apresentam perspectiva favorável quanto ao suporte à crescente demanda por banda larga e a consequente expansão das redes ópticas. Como agravantes, podemos mencionar ainda, os transtornos à população por ocasião dos frequentes reparos e manutenção nas rotas subterrâneas; e a poluição visual ocasionada pelo sem número de fios e cabos com convergência e passagem pelos postes.

Convergência e Aglomeração de Cabeamento em Postes
Fonte: Acervo Pessoal
Como solução alternativa, a tecnologia de microcabos ópticos vem apresentar um novo horizonte de possibilidades ao contexto. Os requisitos mínimos de qualificação e performance estão em fase de normatização pela Anatel, bem como os parâmetros para certificação; no entanto, a perspectiva de trabalhar com microcabos, de pouco mais de 11 mm de diâmetro, contendo mais de 280 (duzentos e oitenta) fibras ópticas, apresenta uma proposta efetiva de reestruturação das malhas de cabeamento; ao ponto em que viabiliza a escalabilidade das redes ópticas do país.
Apresentando a Nova Solução
Em seu formato, o microcabo óptico possui diâmetro externo redusido em aproximadamente 50% quando comparado com o cabo tradicional, com uma densidade em fibras ópticas podendo variar de 1000 a 2000 fibras por cabo, o que viabiliza a implementação de instalações compactas e de altíssima densidade. Os microcabos ópticos são instalados em microdutos através de uma técnica de “sopramento”; os microdutos, por sua vez exigem a abertura de uma microvala de 3 cm de largura por 30 cm de profundidade no pavimento.
Os microcabos ópticos, assim como os cabos ópticos convencionais, devem atender a requisitos que visam assegurar sua integridade e confiabilidade durante as fases de instalação, operação e manutenção. Além disso, tendo em vista sua instalação através do processo de sopramento, os microcabos são projetados seguindo normas da Anatel específicas para a natureza do procedimento; uma vez que, precisam apresentar menor diâmetro, menor peso e menor resistência mecânica para viabilizar a instalação nos microdutos.

Microcabos Ópticos e Microtubos
Fonte: CCT Photton – Centro de Competências Tecnológicas
A tecnologia de microcabos ópticos e microdutos é vista como uma das últimas alternativas práticas e viáveis ao atendimento da crescente demanda por infraestrutura de Telecom. A preocupação agora é assegurar a qualidade dos produtos e equipamentos utilizados na implementação; bem como a qualificação de pessoal para a execução dos procedimentos de instalação e manutenção.
O Processo de Sopramento dos Microcabos
Os microdutos são tubos flexíveis fabricados em polietileno de alta densidade, com diâmetro externo inferior ou igual a 16 mm; sua estrutura é resistente às pressões do ar comprimido utilizado no processo de sopramento dos microcabos ópticos, assim como às pressões mecânicas externas decorrentes do processo de instalação. Um compressor de ar 10/12 bar é acoplado ao equipamento de sopramento para soprar as fibras através dos microdutos; sendo possível alcançar taxas de sopramento de aproximadamente 55 m por minuto.
São encontrados no mercado, microdutos para as mais diversas composições de instalação; podem ser aplicados isoladamente ou em agrupamentos contendo dois, quatro ou mais microdutos reunidos. Em linhas gerais, no que compete ao diâmetro interno, podemos separar os microdutos em dois seguimentos distintos:
– para feixes de fibra óptica com 1 a 12 fibras e diâmetro entre 1 a 1,5 mm são utilizados microdutos com diâmetro interno de 2,8 a 4 mm;
– para feixes de fibra óptica com 12 a 288 fibras e diâmetro entre 2 a 11,5 mm são utilizados microdutos com diâmetrdo interno de 4 a 14 mm.

Seguimentos de Microdutos
Fonte: CCT Photton – Centro de Competências Tecnológicas
Para a obtenção de maiores taxas de transferência e o alcance de maiores distâncias é fundamental observar a relação entre, o diâmetro externo do microcabo e o diâmetro interno do microduto; a prática de implementação aponta para uma ocupação ideal que varia entre 60% e 80% da área interna do microduto. Outro aspecto relevante a ser considerado para um bom desempenho no processo de sopramento é o atrito interno entre o cabo e o duto; comumente utilizam-se lubrificantes durante a realização do procedimento para reduzir o coeficiente de atrito, outra alternativa é o emprego de microdutos que já são fabricados com o emprego de um material (normalmente a base de silicone) de baixo atrito em sua parede interna.
A Movimentação dos Fabricantes e Prestadores de Serviço
A nova solução está movimentando o mercado de fornecedores e prestadores de serviço de telecom no país; a perspectiva é que , em alguns anos, a solução esteja plenamente difundida e seja largamente utilizada como na América do Norte e em alguns países europeus. A Espanha, por exemplo, tem apresentado condições muito favoráveis para o investimento público e privado neste seguimento de telecom; a percepção de receitas a partir da construção de infraestrutura para locação e prestação de serviços, tem se consolidado como um novo modelo de negócios.
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), por meio de convênios de cooperação com instituições de pesquisa e empresas do setor privado industrial, procura ampliar a capacidade de inovação do país. A partir do 1º semestre de 2015, atravé de sua Unidade CpqD – Comunicações Ópticas, firmou e mantém acordo de cooperação tecnologica com a empresa Prysmian visando fomentar o desenvolvimento do microcabo e dos demais elementos da rede óptica no Brasil; bem como de sua metodologia de instalação, processos e testes para validação.

Criatividade, Inovação, “Insights”
Fonte: Acervo Pessoal
A corporação mundial Furukawa em sua atuação diversificada, sendo também uma das líderes no segmento de telecomunicações, está desenvolvendo produtos para atender o domínio das redes de microcabos ópticos; procurando alinhar seus processos à conformidade das normativas da Anatel. A Cablema, empresa do grupo Condumex, fornece cabeamento óptico para abastecer os mercados dos EUA, Canadá e toda a América Latina; a empresa tem trabalhado no desenvolvimento da família de microcabos ópticos, estando hoje, preparada para receber a certificação do produto para posterior produção em larga escala.
Conclusão
A aborgdagem dos microcabos ópticos e microdutos vem se consolidando cada vez mais no país com a adesão maciça da iniciativa privada e a “expertisse” que as empresas trazem das experiências bem sucedidas nos países da Europa, America do Norte e Asia. O Primeiro Setor também tem importante papel na adoção e difusão da tecnologia, através de parcerias de cooperação e do emprego de recursos em pesquisa e desenvolvimento no campo dos microcabos ópticos e microdutos; bem como na experimentação de “casos de uso” e protótipos.
A tecnologia de microcabos ópticos está sendo recebida – com todo o mérito para isso – como um acontecimento no segmento de infraestrutura de telecom. A proposta deve, em poucos anos, revolucionar o setor; e promover novo fôlego aos prestadores de serviço e às operadoras de telecomunicações.