A Abordagem “Outdoor” para Armários de Telecom

Introdução

Em trabalhos com cabeamento metálico horizontal ou mesmo em “backbone” óptico no interior de uma organização ou instituição, ou seja, dentro de uma área com perímetro delimitado; muito raramente nos deparamos com situações onde as posições dos concentradores e pontos de enlace são alocados fora da estrutura predial.

No Campus de uma Instituição de Ensino ou cidade Universitária, em um Parque Industrial ou Condomínio Empresarial, por exemplo, quase sempre é possível situar os armários de telecom ou gabinetes dentro dos prédios; em locais escolhidos estrategicamente por ocasião da elaboração do Projeto de Rede Lógica,  considerando entre outros aspectos, a situação ideal para a distribuição do cabeamento e o acondicionamento dos ativos de rede.

E em ambientes externos… Como seria a alocação de um armário de telecom?
Como garantir a segurança e conservação dos ativos de rede em uma situação como esta?

Neste artigo iremos explorar um pouco o escopo de trabalho da instalação de gabinetes “outdoor”. Tratar alguns aspectos específicos da demanda e apresentar os aspectos básicos exigidos para a integração de uma unidade que ofereça proteção e segurança aos ativos de rede;  bem como algumas propostas de solução para cada caso ou aplicação distinta.

Especificidades da Demanda

A instalação de gabinetes se configura um pouco mais complexa quando da necessidade de se trabalhar em ambientes externos, em áreas abertas, ou simplesmente “outdoor”. Uma serie de aspectos precisam ser considerados para garantir a segurança, a integridade e o pleno funcionamento dos ativos acondicionados no armário de telecom. Além da estabilização elétrica e climatização interna o integrador deve se preocupar com agentes externos como: excesso de luz solar, chuvas e umidade, descargas elétricas atmosféricas, poeira entre outros.

Em complexos fechados como os mencionados acima, universidades e parques industriais, mesmo em áreas externas é possível se obter alguma segurança relativa no que diz respeito a acessos indevidos, vandalismo e depredações; todavia, para algumas demandas específicas é necessária a instalação de gabinetes em locais remotos e afastados, em áreas com pouca ou nenhuma circulação humana e de difícil atendimento quanto aos aspectos de logística e manutenção. A solução deve ser pensada também para estes casos.

Do ponto onde estamos, já é possível perceber que, utilizar produtos, acessórios e conceitos aplicados à abordagem “indoor” para propor uma solução “outdoor” poderá resultar em qualquer coisa; algo absurdamente improvisado e talvez até funcional, mas não em uma solução que ofereça efetiva proteção aos equipamentos, assegurando sua integridade e pleno funcionamento.

Aspectos de Proteção, Segurança e Integridade

Em linhas gerais um gabinete “outdoor” deve ser projetado para oferecer abrigo aos ativos de rede nos mais diversos tipos de ambiente; conforme mencionado acima, deve oferecer proteção à radiação solar excessiva e à água da chuva, às partículas de poeira e fuligem, à salinidade e à maresia; entre outros agentes químicos e físicos.

Para atender essas exigências os integradores comumente utilizam soluções de gabinetes com arrefecimento interno passivo, isto é, sem troca de ar com o meio externo. Os ativos são alocados em um compartimento de proteção interno às paredes dissipativas que, por sua vez dissipam a energia térmica para o meio externo. Em soluções como esta, não é necessária a utilização de sistema de ar condicionado.

A proteção anti-vandalismo, contra furtos ou mesmo acesso indevido pode ser contornada com o emprego de gabinetes fabricados a partir da concepção de estrutura “híbrida”; sua estrutura convencional é confeccionada em alumínio e “encapsulada” em uma estrutura externa de aço. Um nível adicional de segurança pode ser acrescentado a partir da inclusão de acessórios como caixas e grades metálicas envolvendo o armário; bem como a partir da já conhecida cerca de alambrado com concertina.

Implementação Personalizada

Um outro aspecto que o integrador de gabinetes deve observar é o campo de aplicação em que a demanda está inserida. As empresas que lideram o nicho de racks e armários para soluções “outdoor” mantém, em sua maioria, um departamento de engenharia, pesquisa e desenvolvimento para receber parâmetros de projeto e customizar soluções em atendimento às necessidades específicas de seus clientes.

Desviando um pouco a atenção das variáveis relacionadas à integridade e conservação dos ativos; vamos analisar agora alguns requisitos referentes à aplicação, ao objeto da implementação de uma solução “outdoor”. Aqui o integrador irá considerar, por exemplo, se a proposta deve atender à alocação de ativos de telecom ou equipamento rádio; prever a solução de alimentação elétrica e UPS; trabalhar com arrefecimento passivo ou aparelho de ar condicionado.

Os “players” do segmento de telecom, em constante preocupação com as boas práticas, agregam às suas soluções, acessórios para cabeamento metálico como bandejas, guias e organizadores de cabos; além da linha de componentes para conexões em fibra óptico, distribuidores ópticos (DIO’s e DGO’s) e splitters ópticos.

O campo de aplicação, é determinante ainda, no dimensionamento do custo operacional pois, a partir da natureza da aplicação é possível estimar o número de visitas necessárias à manutenção do site. Este aspecto também deve ser considerado pelo integrador na elaboração da proposta de solução customizada.

Conclusão

A demanda por soluções “outdoor” é grande e constitui mercado de fornecedores e prestadores de serviço já consolidado dentro do segmento de infraestrutura e instalações. Empresas já atuantes no setor diversificaram seu atendimento agregando a solução de gabinetes a seu portfólio de serviços e produtos; mas existem também empresas que se especializaram nesta demanda específica, atendendo às mais diversas aplicações e oferecendo, como diferencial, as soluções customizadas.

As soluções de gabinete “outdoor” são utilizadas em uma enorme variedade de aplicações; de unidades integradas em posteamento de área urbana, a caixas herméticas no alto de edifícios; da alocação de componentes eletrônicos de controle de tráfego nas rodovias às estações rádio base (ERB’s) das operadoras de telecomunicações. A solução está plenamente difundida e totalmente inserida no contexto da atividade humana; tanto que, nem percebemos mas, muito provavelmente, passamos próximo a uma cabine ou gabinete “outdoor” diariamente, sem nos atentarmos para isso.